sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Nunca morre aquele que permanece vivo no coração!




Vim aqui falar de um amor diferente. Um amor que até dói, mas é incapaz de machucar, amor que não tem limites, que acolhe, acalma, que chora, que em qualquer situação, não deixa pra depois o que pode ser agora.

Mas que amor é esse? Seria algo divino? Sim! Amor que me conhece desde bem pequenino.

O medo de perdê-lo? Sempre tive, mas sei que do meu coração, jamais ficará distante, mesmo que hoje não estejamos mais juntos a todo instante.

Esse amor é privilégio, é uma conquista, que se bem vivido nunca se perde de vista.

Ah! esse amor...quanto mais se vive mais forte ele fica.

Amor que supera as decepções vividas, e que se mostra real e verdadeiro, na falta do amigo que carregou-me no colo, ensinou-me a andar de bicicleta, uma Monark azul. Hoje está junto do nosso mais fiel e verdadeiro companheiro, meu amado e querido Pai, o Sr. Carlos Antonio Nogueira.

Confesso que tivemos uma relação difícil durante minha adolescência. Não aceitava o vício pelo álcool. Mas a não-aceitação era uma forma de amar. E hoje sei o quanto amei e o amo. Nunca deixou de ser a pessoa fantástica que foi, trabalhador, honesto e digno de cada pedaço de chão que pisava.

Mas Deus, que faz nova todas as coisas, transformou sua vida e longe do álcool, reencontrou sua família em Minas Gerais após longos anos separados e pudemos viver tranquilamente nossa relação. Mal sabíamos que Deus estava preparando o coração de todos para a sua partida.

Uma doença terrível, incurável pela ciência, levou no dia 15 de agosto de 2007, as 22h44 na presença de toda a família, dois dias depois do dia dos pais, a vida de meu amado Pai.

Sim, a doença tenha talvez afetado sua vida mortalmente, mas o sopro de sua vida naquele momento estava nas mãos de Deus. Meu pai morreu santo e sua vida se tornou exemplo para mim, mesmo os grandes problemas que tivemos, hoje são chaves para compreender e enfrentar a vida, dura e difícil sem sua presença. Aquela Monark azul na qual pude pela primeira vez com quatro anos, num campo de futebol de terra me locolover tirando os pés do chão, simboliza hoje para mim toda a lição ensinada, algumas aprendidas na dor, porém muitas outras pelo amor. De vez em quando caio, mas sempre me levanto e subo novamente na garupa desta grande bicicleta que é a vida.

De tantas coisas vividas juntos, nunca esquecerei a noite em que estávamos no seu quarto sentados a beira de sua cama com várias revistas para aprendizado de violão. Como ele sabia que gostava muito das músicas do Padre Zezinho (desde pequeno), ele tocou e cantamos juntos uma música que hoje me faz lembrar e sentir a ternura deste amor.

“Um dia uma criança me parou,

olhou-me nos meus olhos a sorrir

Caneta e papel na sua mão,

tarefa escolar para cumprir.

E perguntou no meio de um sorriso

o que é preciso para ser feliz.

Amar como Jesus amou

Sonhar como Jesus sonhou

Pensar como Jesus Pensou

Viver como Jesus Viveu

Sentir o que Jesus sentia

Sorrir como Jesus Sorria

E ao chegar ao fim do dia eu sei que eu dormiria muito mais feliz”!

Ao meu amado Pai, a homenagem de um filho que ama muito e quer em Deus depositar a confiança para que a cada dia, diante das dificuldades, seja mais maduro e melhor. Nunca morre aquele que permanece vivo no coração!Feliz dia dos Pais!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Mudança dos Tempos?

Todos os dias nossos sentidos despejam no consciente, milhares de informações de tudo o que vemos, sentimos, ouvimos.
Alguns fatos se perdem durante o percurso da vida. Outros ficam guardados na memória.
Inexplicavelmente, em determinados momentos da vida, alguns vem à tona. Quando são ruins a gente logo trata de pensar em outra coisa. Agora, quando são bons, trazem-nos uma nostalgia tão gostosa que dá vontade de atravessar dimensões para fazer tudo de novo. Esses ficam guardados a sete chaves.
A impressão que se dá - isso não inclui todas as pessoas - é de que nossa melhor fase passou. E quanta gente comenta, “nós éramos felizes e não sabíamos”, em nossa época era diferente...
De fato vivemos uma época, marcada pela violência, pelo rancor, pelo ódio.
A instituição família, alicerce da sociedade, cada vez mais naufragada pela falta de compromisso. A desvalorização do ser humano, a ridicularização do corpo da mulher (...)
Nossa, quanta coisa! Mas não quero usar este espaço para falar de coisas ruins.
Me convenço todos os dias de que mesmo em meio a este turbilhão, é possível ser feliz.
Lembro-me que todos os dias esperava meu pai chegar do trabalho no portão de casa. Sempre no mesmo horário, finalzinho da tarde, no repousar do sol.
Onde estivesse, entre os amigos ensopando-se de areia, imitando o Jaspion, brincando de ser Giraia, Rambo, seja lá o que for, quando ele apontava na esquina, aquele menino franzino, magrelo (dava até para ver o raio-x das costelas), sem camisa, descalço, corria como uma flecha pela rua de terra, batendo o calcanhar na nuca e do alto dos seus seis, sete anos, pulava feito uma rã no colo do Pai, cansado, com a roupa de fábrica manchada pela graxa.
Um momento de ternura, uma recordação com gosto de saudade, agora uma reflexão.
Certamente hoje não faria mais isso com minha mãe (meu pai já está no céu) porque com toda certeza no mínimo ela teria uma fratura exposta se eu pulasse no colo dela.
Mas pensando comigo, se um dia tivemos a capacidade sentimental de expressar-nos desta maneira, porque temos dificuldades em manter aquecidas nossas relações, de expressar sem nenhuma máscara aquilo que sentimos?
Acredito nas mudanças do tempo. O Tempo não Pára dizia Cazuza. Sim o tempo pode mudar. Mas cronologicamente. Não existem tempos diferentes.
A diferença está em nós. Ficamos diferentes com o passar dos anos, evoluindo ideologicamente, culturalmente, espiritualmente ou indiferentes ao nosso progresso pessoal impondo barreiras, limites, preconceitos, e privando nosso coração de expressar seus sentimentos, de amar com intensidade e se encantar com as coisas simples da vida. Estamos perdendo nosso encanto!
A mudança que queremos em nossa família, nos relacionamentos, no trabalho, coloca em evidência a urgência de que precisamos fazer a ligação da nossa existência com a época em que vivemos.
Se um dia vivemos felizes, nostálgicos, este tempo cronológico passou. Mas sempre é tempo para ser feliz, para compreender, para recomeçar. Sempre é tempo de amar, amar a vida, o coração das pessoas, viver amizades sinceras, relacionamentos comprometidos, ser cidadão com responsabilidade. Sempre há tempo para as guerras de travesseiros, escorregar no azulejo ensaboado, passar baton no durminhoco da excursão, estar apaixonado e mandar cartinhas de amor, porque os tempos não são diferentes. As pessoas sim se diferenciam e influenciam ao seu modo seu tempo, sua época!


Na foto 1 - Eu e meu Pai no Clube de Campos da GM - Março de 1986
Foto 2 - Eu e minha mãe no quintal de casa - Março de 1986

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Compreender a fraqueza humana para amar a Deus e aceitar de coração nosso próximo


Como nos preocupamos com o futuro. E não deveríamos! E não deveríamos? Eu, assim como muitos, possuo uma grande reclinação para agir segundo a impulsividade, menosprezando o futuro com suas consequencias e descartando o passado onde certas decisões marcam positiva ou negativamente nossa trajetória. Confesso! Indago-me diariamente se existe um mapa, uma bússola que indique os melhores atalhos para que nos esquivemos dos problemas e aterrissemos na terra das soluções rápidas e ali finquemos o mastro da bandeira de nossa independência.
Independência da falta de caridade, da falta de compreensão, da falta de amor, do egoísmo excessivo, do olhar radiológico que é capaz de ver as estruturas mas não a carne. Quanta limitação! O coração pulsa, o sangue corre pelas veias.
Independência. Um insight apenas.
Cartas de alforrias rasgadas pelos corredores, visão de uma vida segundo o eu, a poucos metros da linha do horizonte onde nasce o sol e a fonte do equilíbrio.
O Caminho se faz caminhando e cada "passo" representa uma evolução do passado para o horizonte de projeções e oportunidades do futuro.
As adversidades do percurso são lições, muitas vezes duras, desgastantes, mas sem as quais não evoluiríamos em nossa história.

A anatomia humana criada sob a milimetria perfeita de Deus designou aos nossos pés a função de pisar no pó da estrada e caminhar, caminhar, muitas vezes sob pedras. Já dizia o poeta: " Pedras no caminhos: guardo todas. Um dia construirei um castelo com elas."
É preciso força para compreender a fraqueza alheia. É preciso momentos de fraqueza para aprendermos a ser fortes. É preciso força descomunal para compreender nossa própria fraqueza. É preciso equilíbrio para entendermos que nossas forças podem revitalizar a fraqueza alheia. Ou não.
Somos seres nascidos e banhados nas águas da esperança. Não podemos perdê-la desacreditando no potencial do homem, criado a imagem e semelhança de Deus, mesmo diante das decepções. Isso porém não pode fincar nossa existência no hoje. É preciso elevar nossos pensamentos.
Devemos nos preocupar com o futuro? Talvez sim, como forma de atingir metas segundo planejamento do projeto de vida. Todavia, a evolução do passado para o futuro passa pela vivência do presente. Evoluíremos na medida em que as pessoas mais importantes - sentimental e estratégicamente - do nosso certame familiar, profissional e social evoluírem conosco. Esse é nosso dever, nossa missão. Um forma singela e bonita de amar a Deus na pessoa do próximo!

sábado, 1 de agosto de 2009

Amazônia. Quantas Saudades!






Olá amigos e amigas, bom dia!

Refletindo por esses dias as maravilhas que Deus sempre faz por cada um de nós, lembrei-me dos dias que fiquei em missão no Amazônas, mais especificamente na cidade de Tefé, coração da Amazônia. Este ano completou-se dois anos desta experiência maravilhosa.
Tenho gravado em meu coração vários retratos deste pequeno céu perdido na imensidão de tanto verde.
Deus se mostrava simples e pequeno no rosto dos irmãos que visitamos no meio da selva amazônica, de suas humildes casas de palafitas, onde na maioria das vezes não chegava energia. Eram pessoas libertas das amarras do consumismo, e de tantos vícios modernos de nossos dias. Pessoas que se contentavam com o pouco que tinham pois era o necessário para sua sobrevivência.
Deus se mostrava sofrido e chagado no rosto dos irmãos da periferia de Tefé onde falta saneamento básico e saúde. Onde o poder público era praticamente ausente da vida de cidadãos que como nós nasceram e vivem nesta mesma pátria a qual chamamos de Terra de Santa Cruz, Brasil.
Deus se mostrava real e grandioso na natureza exuberante e cheia de vida, no espírito de comunidade dos irmãos amazonenses, na Igreja que ali ainda dava com dificuldade seus primeiros passos e como uma criança aprendendo a vislumbrar o mundo, uma Igreja alegre, que canta em rodas e dança diante do Senhor!
Deixamos nossas casas, nossa família e junto com outros jovens, alguns conhecidos, a maioria não, formamos uma nova família.
Padre Paulo Renato, Padre Fábio, Padre Volnei, Dom Moacir, Dom Sérgio, Diácono Alecão, Zé Luís, Gabriela, Gabriel, Ingrid, Marcela 1, Marcela 2, Denise, Gabriel, Malú, Valdelino, Letícia.
Amizades que permanecem até hoje.
Fui para a missão com o coração apertado, meu pai estava acamado e sua saúde cada vez se diluindo em meio há uma doença incurável. Quem deseja ir para a missão deve deixar seu barco, sua casa para seguir os passos do mestre sem olhar para trás. Lição difícil, mas recompensadora!
Deus em sua infinita bondade ainda me concedeu após minha volta mais 15 dias de compania com meu amado pai que hoje se encontra na glória de Deus.
Lembranças guardadas a sete chaves, compartilhadas hoje, e são inspiração para que nunca me perca por outros caminhos e me desvie do caminho da santidade. A Amazônia foi um divisor de águas em minha vida e tenho certeza que também assim foi na vida dos meus companheiros de missão, o qual lembro sempre com muito carinho e gratidão.
Dois anos de uma experiência inesquecível se passaram. De nossa partida rumo a Tefé no dia 8 de julho à nossa chegada em Guarulhos em 27 de julho de 2007, o que nos resta é o exemplo das lições vividas, a saudade do coração que desejava ficar um pouco mais. Ah Amazônia! A festa da natureza, que Deus pintou para nós, um legado em aquarela, sublime canção a exaltar a fauna, a flora, água, terra, cultura, altar da grande dança divina da vida, obra prima emoldurada de flores, terra de luzes e cores, arte feita com amor em singela poesia, Amazônia, quantas saudades!