Uma fração de segundos! Este é o tempo em que tudo é definido. Da demência ao paraíso. Do apogeu ao declínio. Do céu ao inferno.
Nos lábios um gosto de licor de morango. Nas mãos, um bastão que garante a sobrevivência no caminhar sob as cordas da intolerência e da ignorância. O equilíbrio por hora parece se esvair e, das cordas, um mergulho nas redes amargas deste picadeiro sem palhaço, sem risos, sem as pipocas doces, sem o beijo escondido na mocinha da primeira fila, sem a linda canção que borbulha sentimentos de alegria.
Devaneios da mente....Sim, apenas devaneios. Por hora nevoeiros que obstruem a visão de um horizonte lindo, onde as fontes límpidas correm lavando as rochas, passando pelo campo de onde brotam as mais lindas tulipas. E quando no remanso de uma tarde onde o sol extasiado se rende ao fim do dia, a brisa leve toca a paisagem desajustando o colorido e disseminando ao ar os dente-de-leão que levam consigo as sementes que postergarão sua existência. Um êxtase!
Da profunda paz, à beira do abismo da mais impetuosa inquietação. Vida vivida a meio fio. Rimos a mercê de um colapso de tristeza. Amamos sob o olhar tenebroso do ódio.
Entre o céu e a terra existem muitas verdades difíceis de se entender. Neste labirinto de paredes marcadas, a passos rápidos e desconfiados peregrinamos na certeza de que o certo está por vir.
E quando nos devaneios desta mente insana, em meio a cortina de névoa se abre um feixe de luz. Toda a casa se ilumina. E antes mesmo do pequeno pardal abandonar seu ninho, corremos ao encontro da esperança, como o rio corre para o mar. Porque a esperança nunca nos abandona. Nós a abandonamos, mesmo que por um segundo. É o que basta!